segunda-feira, 23 de agosto de 2010

metacarpo


Vejo o gotejar deste tom escarlate e não posso deixar de me sentir extasiado. Existe uma certa beleza indescritível na forma com que ele brota dos tecidos vivos, na forma como resume toda a substancialidade da vida. Parece que apenas quando vejo a vida escorrer por entre os poros de minha existência, apenas nesse momento não me sinto um morto-vivo social... Nesse momento sinto-me estupidamente vivo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

gravidade cerebral

Não consigo parar de pensar que as ligações em meu cérebro não funcionam como deveriam; as ligações de ninguém funcionam como deveriam. Parece que nossos pensamentos não são livres, existe uma força vertical para baixo que lerdeia e incapacita a eficácia das ideias. É como se nossos cérebros possuíssem uma capacidade infinitamente maior do que aquela que exercemos, e que nossas ideias são presas ao chão, sem inspiração, devagar. Consigo ver que a capacidade está aqui em algum lugar, mas é preciso um esforço cerebral muito grande para que as ideias fluam como deveriam.



Considero a epifania algo como segundos ou milisegundos de gravidade zero, o perfeito fluxo mental, a conexão com o Mundo das Ideias, um momento de divindade, a melhor viagem de todas, a droga da Eureka.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

pretérito perfeito



Parece que necessariamente as coisas boas precisam ser efêmeras, não lembro a última vez que tive alguma lembrança memorável que teve duração relevante. E odeio muito essa linearidade do tempo, o fato das lembranças serem um recurso tão falível para reviver momentos. Gostaria de poder brincar com as minhas memórias quando bem entendesse, pegar aquele momento de felicidade e segurá-lo em minhas mãos, puxar do meu cérebro aquele flash e revivê-lo várias e várias vezes. Revivê-lo fielmente.