quarta-feira, 18 de maio de 2011

Rest in pieces

Destrincharam seu corpo, espalharam suas ideologias por aí como se fosse um clichê bonito, transformaram sua melancolia em hollywoodiana. Você é uma âncora pra uma geração que nasceu toda errada, você é um refúgio. Não precisa banalizar, mas você conseguiu mostrar que perder o controle tem lá sua beleza, conseguiu mostrar o quão relativo e paradoxal o amor consegue ser para todos nós. É uma visão sincera e realista que você deixou marcada na pele tatuada de quem difunde suas ideologias, nas ondas daquela estampa dos prazeres desconhecidos.


domingo, 8 de maio de 2011

Descompasso

Talvez a solução fosse enterrar
a cabeça aérea no travesseiro,
mergulhar no mundo que desenhava
na contracapa de cadernos velhos,
nos traçados imaginários de sua cabeça
que borracha nenhuma apagaria.

Acordada,
a cabeça é um tanque de pensamentos engaiolado
uma prisão de coisas possíveis e corretas
tomar xícaras e xícaras de café parece um paradoxo estranho
para quem não quer mais ficar
acordado.

O mudo-mundo cospe todo dia em nossa face
que somos livres, como pássaros desengaiolados,
mas até quando é liberdade
seguir as grandes massas, as grandes migrações?
Ter um mundo de possibilidades
que de nada nos serve?

Eu e você deveríamos ser pássaros anárquicos
atravessar o espelho, desparafuzar o mundo,
desordinarizá-lo, tirar a vida do eixo
só pra ver o que aconteceria,
pra ver até quando este imaginário aguentaria
fazer da rotina dos loucos a nossa própria rotina.