Talvez a solução fosse enterrar
a cabeça aérea no travesseiro,
mergulhar no mundo que desenhava
na contracapa de cadernos velhos,
nos traçados imaginários de sua cabeça
que borracha nenhuma apagaria.
Acordada,
a cabeça é um tanque de pensamentos engaiolado
uma prisão de coisas possíveis e corretas
tomar xícaras e xícaras de café parece um paradoxo estranho
para quem não quer mais ficar
acordado.
O mudo-mundo cospe todo dia em nossa face
que somos livres, como pássaros desengaiolados,
mas até quando é liberdade
seguir as grandes massas, as grandes migrações?
Ter um mundo de possibilidades
que de nada nos serve?
Eu e você deveríamos ser pássaros anárquicos
atravessar o espelho, desparafuzar o mundo,
desordinarizá-lo, tirar a vida do eixo
só pra ver o que aconteceria,
pra ver até quando este imaginário aguentaria
fazer da rotina dos loucos a nossa própria rotina.
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