Os pontos de fuga misturavam-se,
planos bidimensionais e tridimensionais
criavam um espetáculo de sinfonia maluca
em sua cabeça desorientada.
A cidade era-lhe um sinônimo,
um gigante de concreto e aço
com caos correndo em suas ruas,
veias e artérias entupidas.
Pulmões carregados,
os escapamentos cuspindo fumaça,
e os prédios arranhando o céu
feito disco de vinil.
Enterrava a falange das mãos no crânio
tentando decifrar aquela esfinge
que ameaçava devorá-lo em becos escuros,
becos de sua mente, becos dele mesmo.
Escorregava os pés pelos corredores apertados,
pelas escadarias espirais, labirintos pessoais.
Em meio a microuniversos desenhava trajetos,
um mundo de expectativas todas novas.
Detonava a cabeça com suas filosofias,
ainda tinha insegurança no andar
e constantemente pisava em falso
por entre os espaços de sua respiração.
Mas parecia se encontrar
por entre as pilhas de livros espalhados pela casa,
por entre o vão da estante de filmes.
Parecia encontrar-se nela.
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