
Fera caquética da eternidade em asilo forçado, minha mente era um emaranhado de correntes que foram aos poucos sucumbindo ao pesar do tempo. Não escuto mais meus pensamentos, apenas o ranger de dentes da criatura que se prepara para devorar tudo que encontrar pela frente, esperando a última das correntes cair. Mas enquanto ela mostra os dentes para mim, eu os mostro também. O titã assustador, o parasita, precisa tanto de mim quanto eu preciso dele. Preciso dele...
E é porque pessoas razoáveis, pessoas sensatas, são uma vergonha. Eu me orgulho dessa fera, e a trato bem, porque ela me tira da realidade que eu tanto odeio. A fera é companhia, é o animal de estimação que eu tanto pedia, mostro os dentes para convidá-la a brincar comigo.
E dessa forma eu busco fazer algo de expressivo, busco nesse amigo algo que me faça diferente, busco abordar a realidade de uma forma tão utópica e onírica que seria incompreendido pelas outras pessoas. Busco ser incompreendido, e ter apenas nesse amante imaginário alguém que me compreenda; uma companhia eterna no íntimo de meu cérebro. Sem abandono, sem calafrio...
A fera mostra os dentes, e ela sorri.
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