Trago à tona átomos alheios
em confluência, efusão molecular.
Derramo sobre ti palavras roubadas
cuspindo um regorgito de mal-estar ideológico.
O apartamento tem cara de nada.
Azulejo egos despedaçados
do chão ao teto de minha cabeça.
Sou pós-moderno,
Narciso de espelho rachado.
Tenho moral esquizofrênica,
turbidez fluida existencial.
Mutantes, somos todos mutantes.
Herdeiros do Manifesto Antropofágico,
cadê a revolução que nos criou?
Sistematicamente me esqueço de tudo.
Tudo depende, nada confirma.
Estereótipo do crítico do estereótipo,
marionete de meus próprios hábitos.
Aponto desapontamentos redundantes,
faço questão de não ter questão alguma.
Abro mão de preconceitos, viro pedra.
E que tipo de existência é essa
dos imensos bailes de máscara, imensos carnavais?
Moralismos jogados na batedeira
sintetizando um pseudo-tudo, um nada sistemático.
Sou o eu dentro do eu dentro do eu,
uma boneca russa de personas contradizentes,
a somatória de tudo o que não sou.
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