domingo, 11 de setembro de 2011

Canção do Exílio*

Perto de casa tem um parque, tem eucaliptos
e não sei ao certo que pássaros cantam lá.
Só sei (e não soube sempre)
do cheiro de saudade da minha cidade,
da falta amarga que me invade em brigadas.
Lembro das bicicletas, das quedas,
de apoiarmos em abraços embriagados
e ainda assim cairmos em tédio.

Sinto falta das conversas atropeladas,
de enxergar lógica em palavras embaralhadas.
Minhas sinapses extendem-se até seus corpos,
até os balões imaginários de suas falas.
Sinto-lhes acoplados à minha pele,
carrego-lhes infantilmente para onde for
e derramo pedaços de vocês em minhas viagens.
Minha verve fica abalada.

Aqui longe o silêncio é clautrofóbico.
Insisto na hipérbole de estar abandonado,
engasgo com as palavras, vou sufocando de leve:
crise asmática-lexical.
Devo ser por dentro um velho chato,
um conservadorzinho irritante.
Sou o péssimo hábito de reclamar,
esse eterno relinchar.

Vou enfeitando vocês com minha saudade.
Tenho uma necessidade louca de euforia,
de pessoas que explodam em felicidade,
de ligações inesperadas mais que esperadas.
Preciso encher a casa, a cara

Preciso
o
tempo
todo,
sou o cúmulo das necessidades.

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