quinta-feira, 6 de outubro de 2011
fico desconfortável por me sentir esvaziado de mim mesmo, eu me sinto insuficiente em todos os gestos, em todas as palavras. outro dia estava ouvindo os hermanos de um jeito que fazia tempo que não escutava quando avistei da minha janela o amor esparramado na calçada de casa. beijei seus joelhos e disse que amores e amoras não crescem por aqui - é o clima frio, seu e da cidade. saí pelas ruas. saí com as pessoas tropeçando em mim, procurando calores que suprissem minha falta de um agasalho. veja bem, o agasalho é só uma metáfora. o acaso de alguns sorrisos seria suficiente, ou então esbarrar com aquela garota de sábado passado que agora estava com um corte de cabelo novo. algumas conversas aleatórias, algumas mentiras contadas e volto pra casa. deito-me ao seu lado e fico igual meu criado: mudo. você é engolida pela cama aos poucos e logo desaparece. acendo um incenso pra disfarçar seu cheiro e medito sobre o sentimento desgarrado, sobre a falta e sobre meu contentamento descontente. aquele dia não amanheceu. agora você aparece de quando em quando pra perguntar como estou, e eu sempre tenho duas respostas, coisa de dualismo psicofísico: nós somos sempre dois. nunca pensei que o coração se contentaria e que a cabeça fosse ficar sem entender nada. é tão mais difícil convencer minha cabeça. a casa sem você vai desabando aos poucos - se não existe lógica, então as coisas fora de lugar devem fazer muito mais sentido. e fazem.
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